quarta-feira, julho 13, 2011

Quer saber?

Quer saber?

Foi por pouco mas eu te esqueci

Da nossa música... sabe? Aquela?

Foi sem querer que nossos amigos

Falaram o nome dela

Sem saber

Eu me vi chorando no banheiro

E nem por todo dinheiro do mundo eu admito

Que eu sinto lá dentro, coisa minha...

Mas eu te amo quando eu tô sozinha.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Silvia

Silvia é daquelas mulheres das quais vale a pena um homem tentar convencer. De que ele é bom pra ela. E pro resto da vida. Ela não é presa ao tempo dela. Ela transcende. É atemporal. Não importa idade. Quando foi pra ser filha mimada com seus doces e choros ela o foi. Quando foi pra dar seu primeiro beijo na esquina da casa de sua tia avó Lenilda no Ramiro, garoto de poucas palavras, sem muito jeito, ela o deu. Quando foi pra sentir o primeiro crescer de carnes inferiores de um garoto, na festa da casa da prima, no corredor mal iluminado apenas pelas luzes da festinha entre a cozinha e a sala, ela o sentiu. Se assustou um pouco. Mas apertou as coxas por sobre o volume. Gostou. Não, não...tomou gosto.

Quando foi pra se apaixonar, se perdeu naquele espaço entre a vida de acordar, comer,dormir e as horas que se passam no não-espaço de gostar, onde pouco ou nada importa...vozes, cores, fomes. Quando foi pra ser rejeitada o foi com todo garbo e agonia que apenas rainhas do cotidiano o sabem fazer. Chorou, praguejou, jurou mil vezes esquecer, mas como toda mulher deixada não soube cumprir suas próprias e simples promessas.

Quando foi apenas deitar por deitar deu a esses homens noites de garfo, faca e boca cheia. Elameou essas camas como poucas putas já fizeram.


rigoberto.lima

sexta-feira, setembro 17, 2010

Metade vivo

Um dos homens com quem menos troquei palavras na vida me fez chorar. Procurei. Fiz um esforço. Mas não. Não lembro de uma conversa minha dele que tenha durado mais de meia dúzia de palavras. Ele, muito rígido, correto na frente da família, sempre me causava medo. A voz era sempre áustera, ecoava alto na casa, sempre. Odiava o som de bola de futebol e eu sempre tinha uma embaixo do braço ou sob o pé. Eu não brincava quando ele estava perto. Sempre gritava: - Pára de jogar, Rigoberto Filho! Nome e sobrenome na mesma sentença você tem que obedecer.

Ele roubou a mulher da casa dos pais. Fugiram. Tiveram filhos e problemas. N'um tempo que eu sempre desconfio que fosse mais fácil. Os dias tinham suas caras. Sábado com cara de sábado. Domingo com cara de domingo. Pai com cara de pai. Mãe com cara de zelo.

Esse homem me fez chorar. Ele tem 82 anos. é pai de meu pai. Passou pelo quarto derrame (nem sei se assim que ainda chamam). Passou 4 dias no hospital. Voltou p'ra casa anteontem. Já tem alguns anos que ele volta a ser criança. Reclama da comida, fala coisas sem sentido, reclama da roupa igual a uma criança.

Voltou p'ra casa com os olhos cheios de generosidade. Com metade do corpo insensível, imóvel, morto, sem a possibilidade de fala, sem voz. Mas olhos tinham alguma coisa de muito feliz. Ele tinha olhos de manhã de domingo. Enquanto eu o colocava sentado na cama dele o braço ainda vivo se rodeava de minha avó e a puxava para um beijo, dois beijos, três beijos. Tinha alguma coisa de muito feliz naquele homem que tinha acabado de perder metade dos, já, poucos movimentos que tinha. A metade que funcionava tinha pressa de agarrar a mulher com quem ele vive a quase 60 anos. Os olhos mareavam, se enchiam de água. Os meus não, mas tinha um nó dentro de mim, mal feito, incomodando na altura da garganta. Eram 82 anos. Eram 5 filhos no casamento e um fora (uma tia que nunca conheci). Eram 11 netos. Eram 3 bisnetos. Engoli à seco. Sorri amarelo. Nunca precisei de uma conversa com meu avô e justamente quando ele não consegue mais falar e tem metade do corpo morto me mostra que é a parte viva que interessa.

O braço rodeando vovó. Os beijos desengonçados. O sorriso torto. Os olhos cheios de água. Os filhos ao redor. Eu de neto, olhando.


Fui pra cozinha. Da cozinha pro quintal. Lá deu p'ra chorar um pouquinho.






rigoberto.lima

quarta-feira, novembro 04, 2009

Pés de certeza

Me dei conta hoje de um fato estranho da minha vida.
Um traço tão meu, tão enraizado na minha carne
Que não conseguia enxergar com olhos absurdamente abertos.

Fazendo uma comparação melodramática demais (admito!)
Me comparo a um bicho.
Ferido.
Desses que não fez promessas de domesticação a dono algum.
Nunca conheceu dono algum.
Que palavras, carinhos e pet-shops dizem pouco ou nada.
Pensamento lógico e racionalidade não fazem sentido.
E a única coisa que me faz revidar é me sentir acossado,
Subtraído dos meus quereres e vontades...
É quando eu me levanto e revido.
É só nessa hora. Na hora das ofensas mal colocadas
Que desrespeito as convenções
E digo baixinho com dentes cerrados e olhos agudos,
- “Hoje não”.

Mil palavrões vergonhosos saem da minha cabeça
Enquanto meus pés antes desolados,
Frios e feridos batem em marcha sobre terra molhada
De chuva nova...
Pés cheios de certeza e de si.

Tenho o vermelho raivoso nos olhos
E a boca cheia de tumulto.
Na hora do apontar de dedos
É que os meus se fecham
E formam uma massa, densa...
Um punho fechado... Dois punhos fechados...
Levanto a cabeça e por entre dentes lhe digo:
”- Por hoje, digo não as delicadezas, perco a noção das gentilezas...
Por você
Que se aproveitou das minhas horas de repouso ferido,
Das horas de braços abaixados e cansados...
É por você que eu digo não... Hoje não!”










rigoberto.lima

domingo, outubro 04, 2009

Conversinha de msn

... Mas a vida já me calejou até aquele ponto que a gente finge que não liga pra essas coisas de relacionamento fixo, forte, firme, com gosto de pedra e cheiro de lavanda... E simplesmente ignora que precisa de alguém presente, segurando a mão e enconstando a cabeça no ombro, se protegendo do frio e reclamando do calor... Por isso... Finjo que não ligo pros domingos. Domingos são dias cruéis. Foram feitos p'ra se viver a dois, três, quatro, quantos forem mas não p'rá uma pessoa apenas. É um dia para se dar e não para se ter ... Eles são os piores dias e não é por causa da programação da tv.
rigoberto lima ( falando bobagens p'ros msn's alheios)

quarta-feira, setembro 30, 2009

Acho que ela tem gosto de castanha

Ai, menina...
Não espreme a mente
Procurando dor
Que esse bagaço murcho de vida
Deixa a gente duvidando do amor.

Quem diabos te disse que ele vale a pena?
É tudo teatro tão barato
Um ator de quinta fazendo cena.
Você não percebe, menina!?
As frases engessadas
Repetidas mil vezes mil vezes de um jeitinho corriqueiro, comum...
Ele querendo ser grande coisa
Mas, presta bem atenção... Acredita em mim... Ele é só mais um.

Desculpa, moça, tanto alarde
Mas é que me irrita ele desejando ser teu amor de cinema
Sabendo que ele é só sessão da tarde.
Não acredite em uma palavra ou telefonema
Nem nessa cara de santo, de bom-moço
que deixou cair os outros amores num fundo qualquer de poço.
É mentira!
Conheço essa reza de outros carnavais
Quanto mais você diz que menos
Menos ele desiste de ter mais

Vai desculpando, moça.
É que você não olhou pro lado certo
Tem gente que quer te fazer ser
E simplesemente não diz... Faz força p'rá esconder.
Ao invés de te derramar durante o dia...
Não! Faz isso quando o sono não chega primeiro
Encabulado... Baixinho...
Sem muita força e certeza a noite e p'ro travesseiro.

Tem gente por aí
Que quer te fazer ser, sabia?
Ninguém ter te feito até hoje
É o que eu acho estranhamente incrível
Uma mulher, moça, dessas únicas
Atemporais... Uma mulher, assim, possível.

Tem gente por aí
Que quer te fazer ter, sabia?
Uma felicidade tamanha
Que desconfio que não te caiba.
E saiba... Eu acho que você tem gosto de castanha.






rigoberto lima

segunda-feira, setembro 21, 2009

... número 2

na orla das tuas costas
sou sem querer pescador
tenho notícias fartas de algas malemolentes
que vou te contar em sopro
enfiado nos teus ouvidos

trago ondas quebradiças e preguiçosas
que te espumam

saravá, mulher minha!hoje eu volto pra dormir em casa
aconchega meu lado da cama
quero amores...aceito calores.







rigoberto.lima

sexta-feira, setembro 18, 2009

...

vontades dantescas de olhar pra uma mulher e me sentir em paz.

segunda-feira, agosto 10, 2009

extremo da perna da moça

por onde anda
aquele doce achado?
na mais alta nuvem?
no mais profundo poço?
onde a vistas não atingem?
no andar do recatado moço?
no extremo da perna da moça,
onde a mão aperta com mais força?
no gemido afogado dado com pudor e recato?
sendo que eu afirmo que trepar é lindo e é fato!









rigoberto lima

quarta-feira, julho 29, 2009

ah! se ela me esquece!

acordei com um pensamento sério hoje.
quero pedir um tempo p'ra solidão.
não sei como ela vai aceitar
é muito apegada a mim, a coitada!
mas sempre me deixava só depois das seis da tarde.

decidi que quero conversar...
quero uma distância da solidão.
quero alguém pra depois das dez da noite...
quero alguém pros dias de domingo...

por esses dias ouvi comentários maldosos
passava de mãos dadas com ela
e ouvia os comentários
- olha... lá vai... não larga essa solidão nem por promessa!

cansei...
quero alguém pras segundas de manhã, também...
ligar e dizer "boa semana"!
alguém pra dizer "olha que música boa"
não sei se são vontades femininas demais...
mas são minhas.
vou pedir pra ela dar um passeio
com sorte ela me esquece.





rigoberto lima

terça-feira, maio 19, 2009

não

"ouvir nãos
não me afeta o bastante
nem tampouco o suficiente
p'ra me deixar parado sequer um instante..."








rigoberto lima (trecho de poema antiiiigo)

terça-feira, maio 05, 2009

micro-ensaios sobre coisas belas e incrivelmente baixas

Micro-ensaio sobre minhas um milhão de paixões
(um milhão setecentos e cinqüenta mil até o fechamento da redação)

Ah, como eu as faria felizes! Disso eu sei... As faria felizes e inteiras como elas devem ser. Eu daria certo com um milhão de mulheres... Dessas que já me apaixonei. E foram várias... Um milhão as que me lembro. Eu completaria cada uma, sei disso, tenho certeza, tenho que ter. Começa sempre assim: a conheço e imagino desvairadamente como seria acordar do lado dela, dividir uma casa com ela, ir ao supermercado com ela, dividir os suores noturnos, dividir os sexos molhados, dividir as brigas e todos esses afazeres que fazem os casais serem casais. Os dias, as tardes e as noites. Nada de Romeu e Julieta que nunca foram um casal e nem podem servir de parâmetro para relacionamento nenhum, são um belo quadro em uma moldura, mas nunca dividiram uma casa, pagaram contas ou tiveram filhos e p’ra falar a verdade nem lembro se fizeram sexo ( Shakespeare que me perdoe).
E eu as imagino gostando de mim. Mas dificilmente gostam, admito que faço pouco para isso. É estranho. Faço da minha vida algo distante até de mim mesmo. E por vezes percebo que tento não ser atrativo, me vejo querendo não ser visto, passar despercebido. E consigo. Conheço os poetas, conheço os dizeres, as frases certas, o que essas um milhão querem absurdamente ouvir e fazer, serem amadas com seus todos, suas dúvidas, seus inúmeros defeitos, seus corpos, seus cabelos, seus sapatos, suas bolsas, seus batons, seus pescoços. Mas o receio ácido do não me faz não fazer. Existe algo entre as vontades e os fazeres que me impede.
Ah, como eu as faria felizes! Um milhão e meio as que me lembro. Termina sempre assim: as vejo, não faço, apaixono, não faço e ainda continuo apaixonado, sufoco cada gota de vontade de atenção, de sexo, de suposição de sexo até se tornar bagaço de laranja. No final, o que sobrar sou eu. Mas tendo a certeza que eu daria certo com cada uma e cada uma iria me amar como nunca amou a outro qualquer que fosse (meu mundo perfeito platônico às vezes me faz rir... como agora). Ah, além de um desvairado último apaixonado por todas as minhas duas milhões de paixões ocultas, na minha ultima contagem, sou um mentiroso compulsivo.






Micro-ensaio descritivo sobre sexo a três
(se você tem pudores exagerados ou é um purista literário que acha soft-porns literários um atentado a sua língua e gosto é melhor parar aqui e ir atrás de um parnasiano, pois aqui o que é comum vocês acharão que é devasso...e talvez seja mesmo)

Traçarei um quadro frio sobre o sexo a três. Manterei a distância certa de um narrador e criador de mundos, micro-mundos na verdade. E ainda me acho um mentiroso compulsivo. Esse resume-se a três pessoas, um quarto e muita saliva. Admito sem vergonha alguma: não existem intenções nobres e puramente singelas nesse breve texto que você lerá até o fim que sei. Se chegou até aqui vai chegar até o final. Não há nobreza. Existe apenas a vontade de descrever sexo, sobre cenas absurdamente brutas e lindas. Existirão alguns de vocês que acharão isso impróprio e machista. Mas já disse, não existe nobreza, boas intenções, engajamento político ou quaisquer forças motrizes de grande valia que façam esse texto estar sendo escrito. Não existe substância...apenas vontades. Você lerá sobre coisas comuns, belas e vulgares. E somente.
Não há como dizer onde o ato sexual em si começa. Ele termina onde todos sabem, ou presume-se que sabemos, mas o começo é difícil de definir. No beijo? Nos beijos? No enrijecer de sexo? No molho do sexo? No toque? Nos mamilos duros? No primeiro chupar (pensei em escrever sugar... ridículo!) de genitália? Na primeira estocada masculina em vulvas vulneráveis e absurdamente molhadas? Sinceramente, não sei qual sua opinião, mas a minha é que começa na vontade dos olhos. E é por eles que começo.
- Vamo fazer uma coisa que todo homem gosta de ver? – pergunta a primeira.
- O que seria? – pergunta a segunda.
A primeira segura a nuca da segunda com propriedade de quem quer sempre alguma coisa e se beijam. Um beijo forte, onde de quando em vez aparece uma língua faminta pelos cantos dos lábios quentes e nervosos. Elas estão de joelhos na cama e entre elas está ele (eu disse que seria a três). Deitado, as vontades já se mostram aparentes pelo volume das calças. Todos estão vestidos ainda. Elas se soltam, e olham para o espécime masculino pedindo atenção sob elas. Elas tiram a sua camisa com a delicadeza das boas amantes: rápida e abruptamente. Duas línguas se passam por sobre ele, descendo da barriga, chegando até pouco abaixo do abdômen e sobem novamente. A partir daí ele vai ser espectador por alguns minutos. A primeira levanta o rosto e deita a segunda sobre a cama, apaga a luz, uma fresta de luz passa do banheiro para o quarto, os olhos já vão se acostumar com a escuridão. A segunda ainda reluta pra tirar a blusa. Dois puxões resolvem e logo ela já mostra os seios com mamilos claros na claridade parca do quarto. Mas a segunda quer mais. Tira a calça da segunda que já não demonstra resistência alguma. O sexo se abre para o quarto. O sexo oral feminino. E ao ver do espectador muito bem feito. Começa-se devagar, a língua e a boca delicadamente sobre o clitóris em sugadas leves e contínuas. Uma aula! Dois dedos entram sorrateiros na velocidade das chupadas na boceta. A saliva e os líquidos se misturam entre boca, língua, vulvas e vontades. O homem observa e apenas acha lindo...não queria estar em outro lugar. Mas não se contenta enquanto ouve os gemidos da segunda sendo sugada e os barulhos próprios das chupadas cada vez mais fortes da segunda é chamado a batalha. Senta suavemente na barriga da segunda de modo com que seu pau fique entre os peitos ainda intactos nessa noite. Aperta as duas contra os seios e projeta uma penetração por entre eles. A segunda simplesmente é devorada.
- quero bater uma – interrompe com um gemido leve - punheta pra você perto da – outro gemido - minha boca!
Ele obedece sem muito reclamar. Inclina um pouco o corpo o pau fica perto da boca dela e começam as nervosidades da masturbação. De quando em vez ela passa a língua sobre a cabeça do pau. A primeira ainda a sorve. Uma cena bruta e linda. Não existe substância, apenas o entendimento.
Mas ele quer sentir o gosto quente do sexo alheio. Sai de sua posição e vai até o entre pernas da primeira. E não se pode precisar como duas bocas e boceta se dividem em beijos. E o cheiro de sexo inunda o quarto. O cheiro do bom sexo. Das boas trepadas.
- quem é que ta chupando? – pergunta a primeira como se lhe faltasse o ar e não conseguindo abrir os olhos pra poder agarrar o pouco oxigênio ainda não respirado no quarto. Os dois que brigam em comum acordo pouco ou nada ligam para a pergunta.
- quem é que tá chupando, porra? – a irritação do sexo de querer mais.
- eu! – a resposta incisiva do sexo de quem quer dar mais.
- quero te deixar sem fôlego! – diz a segunda para o homem.
- como assim? – pergunta ele sabendo que vai amar a resposta.
A primeira sabe que é a vez dele e se coloca na posição de vouyer. A segunda abre mais as pernas. Ela coloca seu rosto frente aquele sexo devidamente entregue, devidamente molhado e cheio de vontades mundanas.
- vou segurar teus cabelos... Empurrar tua cabeça... Fechar as pernas... Me chupa até ficar sem ar.
Ele obedece. Fazer mais o que? Ela cumpriu bem o que disse. O apertou com toda força para seu sexo. Não se sabe precisar de se ela teve seus espasmos orgásticos... Só seu corpo contorcido foi visto nessa hora... E gemidos femininos... Sons dos mais lindos.
Ele se desvencilhou com dificuldade, pois ela apertava com muita força, suas pernas eram fortes. Ele conseguiu se sair dos meios dela. Seu rosto era vermelho... E a respiração ofegava e pedia ar.
A primeira se deita sobre a segunda. Nuas. Mãos se misturam. Seios são apertados. Ele ainda recupera o ar. Ele está na ponta da cama e elas estão de costas para ele.
- escolhe o que você quer comer. – ri sacanamente a primeira.
Ele a escolhe. A penetração é fácil... Tudo é molhado... Tudo é quente... As mãos querem ser cheias dos corpos dos outros... Ele a fode com gosto... Primeiro devagar... Acelera... Ele não quer gozar tão cedo... E vai devagar logo depois... Sentindo cada estocada... Cada enfiada... E a movimentação da penetração... a sensibilidade entre o pau e o quente da boceta... O vai e vem ritmado e sincopado... As costas dela ao largo dos olhos dele... E ela de costas sentindo lá atrás dela aquilo entrar e quase sair... A sensação de invasão consentida... Os calores do sexo lhe tomando as pernas... As duas mãos dele segurando suas carnes da cintura com firmeza... Ela querendo olhar, mas de costas apenas sentindo e consentido a invasão por trás...
Ele quer ser chupado. E pede. Não existe razão para negar. As duas o fazem. A primeira o sabe fazer com mais vontade e logo se apossa do pau. Devagar e macio. Língua e sexo se dão muito bem.
Ele penetra a segunda. Ela gosta. Olha nos olhos dele e só se ouvem coisas do tipo... Não pára... Fode mais... Mais rápido... Mais devagar... Fode, porra!...Assim... Assim!
A segunda a faz calar a boca. Arca as pernas sobre o rosto da segunda.
- chupa e cala a boca! – cenas brutas e lindas.
Não veja vulgaridade, por favor! Não pense isso. Veja vontades apenas.
Não sei dizer se os três gozaram. Mas não creio que isso importe pra você agora. E pra dizer a verdade também não se sabe em qual momento isso terminou de verdade.
Pedi para você não querer ver substâncias, nobrezas ou intenções maiores aqui. Pedi para que visse vontades. Peço para que veja coisas comuns e incrivelmente belas.






“o pervertido é a pessoa normal pega em flagrante”
(Nelson Rodrigues)







rigoberto lima

terça-feira, abril 28, 2009

hoje

acredito na brutalidade inevitável
das delicadezas...
nesse mundo onde todos correm
aprecio por demais caminhar...
sou um péssimo capitalista
nunca entendi direito essa coisa do acumular...
por saber poucas verdades
acredito em mentiras bem contadas...






rigoberto lima

quarta-feira, abril 15, 2009

a tim e minha crise

Tive uma crise criativa no ano passado e começo desse. Acho que compus duas músicas nesse hiato de tempo cretinamente grande. Não sabia o que escrever pra ninguem. Comparava tudo o que eu fazia com os outros. E sempre achava ruim e sofrível. Uma maldita síndrome de pau pequeno com fetiches sonoros. Mandei às favas tudo isso...esqueci o resto do mundo, não existem mais compositores, músicos e nada com que me comparar. Nasceu "isso não é o fim". Minha melhor música em anos (poucos aliás de estrada e hospício). Como a tim já me disse...alguma coisa está acontecendo (ou algo assim).





rigoberto lima

sexta-feira, abril 03, 2009

soul

por tempos
empurro um pouco mais a faca
só pra saber até onde aguento
nunca me viram por aí?
feito fantasma perdido...
espectralmente feito em sussurros?

por tempos empurro um pouco mais a faca
só pra saber até onde aguento a dor.
morri algumas vezes...
mas será verdade que nunca me viram por aí?






rigoberto lima

quarta-feira, março 18, 2009

aquela foto

Eles são separados... Há tempos. Existem filhos. Todos formados, alguns casados, outros procurando um caminho, mas todos seguindo. Eles foram casados por tempo suficiente para ter filhos de forma que datas comemorativas não faltem por duas ou três gerações. Sempre vai existir um natal, uma formatura, um aniversário, um casamento ou um batismo. Tanto laço mesmo depois de separados cria uma intimidade velada entre os casais, só eles vêem, só eles sentem, só eles sabem... os tons de voz, as piadas subcolocadas, os silêncios ( entender silêncios é dádiva dada a poucos casais).
Enfim. Cada qual vive sua vida, cuida de sua casa. Alguns filhos já abriram a porta da frente da casa e já foram seguir suas vontades e gostos, mas sempre sabendo que o calor da casa da mãe vai estar sempre no mesmo lugar e que retornos rápidos sempre são bem vindos. E o pai... O pai, enfim, é o pai. Sempre como todos, as palavras doces e carinhos não são o forte de homens, da maioria, eles servem para outra coisa. Como todo pai separado tem aquele ar de largado pelos filhos depois da separação. As mães sempre tem uma vantagem desleal em relação aos pais. Eles trazem a comida mas as panelas são delas.
Certo dia, ele, visitando a casa dela para resolver um problema sobre qualquer coisa relacionada a alguns dos filhos (mesmo crescidos sempre tem que resolver suas coisas...quase que com a fidelidade de uma cláusula de contrato). Entrando sem ser anunciado e simplesmente abrindo a porta.
- Mãe! Papai tá aqui! – grita a filha mais nova sentada no sofá da sala, essa que teve menos contato com a imagem dos dois juntos, por conta disso guarde mais coisas dentro de si sobre os dois do que a sua vontade permita. – Oi, pai!.
- Oi, filha!
Um grito abafado pela distância e pelas paredes e corredores parece dizer alguma coisa como se a mãe já viesse. Não são encontros tensos mas talvez careçam de sentimentos mais concretos e palavras mais diretas.
Ele mira sobre a mesa ao lado da porta um emaranhado de fotos da família. Formaturas, festas, sorrisos, abraços, beijos, casamentos e dentre esses casamentos, o dele. Uma imagem perdida a mais de trinta anos, meio desbotada na cabeça dele. Talvez. É o primeiro porta-retrato no meio de tantos. Ele se aproxima. Pega. Olha com uma atenção que causa uma pausa na filha caçula que percebe essa feição reta e grave do pai para a foto e vê que ele vai falar alguma coisa...a respiração se interrompe...o ar por si só parece ter se aprisionado nos pulmões... palavras de feição e importância ímpar serão ecoadas naquela sala...a caçula sabe e sente isso. O pai se vira pra ela e com uma certeza absurdamente calma:
- Esse nó de gravata está muito bem dado, minha filha! Sua mãe ta demorando muito... Diz que eu volto depois das seis ou só amanhã mesmo.
E sai apressado batendo a porta.



Rigoberto Lima

terça-feira, março 17, 2009

o passeio e as pessoas

como as pessoas faziam pra se encontrar a 15 anos atrás? celular não era popular...internet também não...orkut, obviamente, nem sonho era ainda...
saíamos...nos víamos...nos conhecíamos...nos gostávamos (mais)... não éramos tão sozinhos...não existia essa busca boba e desenfreada para provar que somos conhecidos, que pessoas gostam da gente, de provar que eu "sou legal...sou cool...pode se aproximar"...
não existia tanto cinismo nos cantos das casas...tanta vontade de nada...as pessoas eram mais quentes na altura do peito e dos quadris...a comida tinha outro gosto...até os beijos tinham. dava-se mais valor a se encontrar com um amigo...a facilidade das coisas banalizou a amizade, amizade se faz também na distância e na ausência, na vontade de ver o outro sem precisar apenas clicar ou ligar tão facilmente...não se dáva tanta bola pra solidão, a vontade de querer ver era maior.
cartier bresson, meu fotógrado preferido, disse que "quanto mais máquinas nas ruas menos fotógrafos existirão"...usando do mesmo sentido: quanto mais contatos nos celulares, nos orkuts, nos facebooks...menos amigos existirão.
aos vinte e sete anos, posso dizer que hoje, não mais como menino, garoto, jovem ou qualquer outro denominação parecida...pela primeira vez me digo e me chamo de homem...hoje sou um homem de hábitos antigos....gosto das pessoas...dos seus gostos, de suas palavras ao pé de ouvido, dos seus abraços...gosto das pessoas e não de suas baterias, senhas, logins e apelidos.
Nesse mundo onde todos correm...eu ainda gosto de caminhar.
rigoberto lima

segunda-feira, janeiro 26, 2009

meu trem não chegou na hora

ontem vi umas fotos de teus sorrisos
em algum verão passado.
pareceu mais você do que vejo hoje.

em qual amor passado você se perdeu
e decidiu ser assim?
em qual choro velado
que só você ouviu decidiu ser assim?

sei que de tudo que vivi, eu, que me chamo hoje,
lamento de não ter chegado ontem.





rigoberto lima

sexta-feira, janeiro 02, 2009

pieces

"o melhor de viajar é a volta p'ra casa"...
dizem?
nem fui.


Hoje me sinto mais eu
do que já fui um dia...
ainda sim, não me acho.


Não se pode contar segredos em minha casa
tem muitos ecos.
Não existe espaço entre as palavras.









três micro-poemas escritos na última quarta parte do último dia de 2008.


rigoberto lima

terça-feira, dezembro 02, 2008

Dezembro

É dezembro. Descobri vendo crianças nas ruas, crianças dessas de pouca idade que gostam de pedir dinheiro a pai e mãe e comprar picolé, bombom, refrigerante na esquina. Crianças com ar mais leve...de férias...invadindo as ruas e não apenas os famigerados shopings com seus papais noéis de coca cola.
É dezembro. Descobri quando me dei conta de que o coração apertou pedindo pra ficar perto de quem se gosta. Pedido leve, melancólico quase...dessas soliões que gente dita do século XXI é acostumada a ter, solidão de gente moderna, que entende tudo de tecnologias, expressões novas e que impressionam, mas entendem pouco de gente.
É dezembro. Descobri quando acordei hoje olhei pro céu e vi nuvens carregadas, pesadas... Pressentindo chuvas que se alargam até abril ainda longe.
É dezembro. Descobri pelo peso do ano sobre as costas e o próximo vindo querendo ajudar e tirar esse peso e tentar me deixar leve...leve.

Descobri quando vi a árvore de natal ser montada na sala.
E nem precisei de calendário.





rigoberto lima